quarta-feira, 4 de julho de 2012

Receita pra ser um idiota (do bem, é claro!)

Pra quem não sabe amar ou duvida do amor, a receita é simples.
Respire fundo a cada meia hora e aumente a frequência após uma semana. Diminua o bico ao sair na rua e ao chegar aos lugares. Relaxe os lábios. A maçã do rosto e os ombros também. Ria de você pelo menos uma vez por dia. E fale alguma bobeira pra divertir as pessoas.
Corra um pouco durante a semana, mas não vale se for atrás do ônibus. Rabisque qualquer coisa no papel e olhe as poucas árvores que ainda permanecem vivas pela cidade. Abrace, no mínimo, cinco pessoas (nada de abraços mensais, soltos e rápidos). Abrace apertado, demorado e inspira fundo depois. Beije, beije muito. Se sinta idiota. Tenha amigos idiotas. Faça coisas idiotas e se apaixone por alguém que seja tão idiota quanto você. Que se divirta com você. Que faça palhaçadas e deixe pronto o jantar pra quando você agarrar no trânsito.
Não tenha medo. Tenha só um pouco de receio. E deseje, deseje tudo que quiser. Carregue sempre um quilo de sonho e duzentos gramas de saudade. Se for pra contar mentiras, que sejam mentiras novas. Poucas. Saudáveis e extremamente necessárias. A melhor receita pra que um amor permaneça, é sempre "usar" verdades inesgotáveis, é deixar vir à tona aquilo que nunca temos coragem.
A receita é se soltar, deixar que o melhor e o pior apareça. Deixar o outro nos ver sem máscaras. Por inteiro. A receita é criar teorias loucas sobre a felicidade, sobre a sorte, sobre a saudade e até sobre a alimentação e o estado de espírito em cada dia da semana. É fantasiar uma lua de mel por mês e driblar a solidão sempre que ela pintar na área. A receita é se entregar, de braços abertos, ao misto que qualquer relação nos traz.
Então, pra quem sabe amar, mas finge que não sabe, a dica é que você seja idiota! Que seja você. Se abrace. Beije. Deseje. Cante. Ria, ria alto. Ignore os problemas e divida com o outro coisas boas também. Ter assunto não é ter história ruim pra contar, piadas também são assuntos. Assim como as estações podem ser. Um desamor não é amor e nem nunca vai ser (sentimentos também fazem festa à fantasia). A receita é se fantasiar de você! E procurar uma fantasia bem colorida pra combinar com as histórias que você for contar.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uma onda leve...




Fiquei com seus olhos grudados nos meus. Um sorriso leve, de canto de boca, e o corpo trêmulo por causa do vento frio que aquela praça tem. As luzes dos carros e dos postes estavam distorcidas, talvez pelo efeito da droga que o seu sorriso injetou em mim. Todas as minhas lembranças ficaram soltas pela cidade. E meus medos, meus receios, minhas dúvidas (e algumas certezas também), se perderam. Tudo ficou perdido pelo caminho. Passei um bom tempo em busca de um encontro. Do meu comigo. E acho que foi o que aconteceu. O céu tinha uns borrões de avião à jato incríveis. As estrelas traziam consigo um brilho incomum e a lua imperava alguma cantiga de ninar pra nós. Todos os meus pensamentos sorriam com os olhos. 

Passei a noite deitada em alguma grama gelada e úmida. Virei pro lado algumas vezes, como garantia de que era sonho, e encontrei seus olhos vidrados na copa da árvore acima da nossa cabeça. Era sonho. Já tinha acabado. Mas festejei ao som de Creedence.
Fiquei com meus olhos grudados nos seus como que pra sempre. Você sentiu? Percebeu? Dormi tão bem, feito criança que apronta o dia inteiro e quando dorme é de cansaço. Recarreguei minhas energias com seu sorriso. E ficou mais fácil acordar hoje. Dá pra trazer essa onda de leveza pra mais perto de mim outra vez?
Eu agradeço. Relembro. Revejo. Me reapaixono. E, no outro dia, é recomeço.